Pesquisas recentes indicam que substâncias químicas presentes em alguns tipos de plásticos usados comumente pela população podem causar danos à saúde humana. Artigo da CH de maio mostra os perigos da exposição a esses compostos.
O bisfenol A, substância química de reconhecida atividade
hormonal, é empregado na fabricação de diversos tipos de plásticos, como os usados em garrafas de água mineral. (foto: Gabriella Fabbri/ Sxc.hu)
É crescente o número de substâncias químicas, presentes em plásticos, suspeitas de atuar como
hormônios artificiais ou de interferir no sistema endócrino, levando a
doenças e disfunções em adultos e crianças e a malformações em embriões.
A questão desperta grande preocupação porque os plásticos são
virtualmente onipresentes na vida humana contemporânea, sendo empregados
na fabricação de uma infinidade de produtos, muitos deles destinados a
crianças ou a hospitais.
Em mulheres, a exposição a agentes artificiais que imitam o hormônio
feminino natural (estrogênio) é o principal fator de risco para o
desenvolvimento de doenças como
endometriose e câncer (de mama e de útero). Já a exposição de homens
adultos a essas substâncias também pode causar câncer, além de levar à
impotência ou induzir crescimento de mamas (ginecomastia) e redução do desejo sexual, dos níveis de hormônio masculino (androgênio) no sangue e do número de espermatozoides
.
Substâncias artificiais quimicamente muito diferentes agem como
interferentes no sistema hormonal. Por isso, é difícil predizer se um
material apresentará essa propriedade a partir de sua estrutura química.
O dicloro-difenil-tricloroetano, inseticida conhecido pela sigla DDT,
largamente utilizado por décadas e hoje de uso banido na agricultura,
foi o primeiro produto químico artificial em que a atividade hormonal
foi identificada. Ainda em 1949, foi relatado que homens que pilotavam
os aviões usados para aplicar esse inseticida nas plantações
apresentavam baixas contagens de espermatozoides. Desde então, outros compostos químicos que afetam o sistema hormonal humano foram descobertos.
Suspeitas crescentes
Os efeitos dos compostos
presentes nos plásticos no organismo humano ainda estão sendo
investigados, mas suspeita-se que eles tenham participação relevante em
problemas de saúde que vêm se tornando mais frequentes na população
mundial nas últimas décadas.
De 1990 a 2005, constatou-se um aumento de 19% na incidência mundial
de câncer, doença responsável hoje por mais de 12% das mortes no
planeta: estima-se que os vários tipos de câncer vitimem mais de sete
milhões de pessoas por ano. No Brasil, os cânceres representam a segunda
principal causa de mortes de mulheres e a terceira, no caso dos homens.
Em 2009, segundo dados do Ministério da Saúde, 172.255 pessoas morreram
de câncer no Brasil, o que representou 15,6% do total de mortes no
país.
Pesquisas mostram que diversas anomalias congênitas em animais
de laboratório e seres humanos são causadas por exposição a alguns
compostos químicos artificiais
Estudos epidemiológicos também têm revelado que, nos últimos 60 anos,
em alguns países, em especial os desenvolvidos, e principalmente na
Europa, a contagem média de espermatozoides (por indivíduo) caiu à
metade e que dobrou a incidência de malformações do sistema reprodutivo
masculino em recém-nascidos.
Em relação às malformações congênitas, avalia-se que, em média, entre 3% e 5% das crianças nascem, no mundo, com
esse tipo de problema. No Brasil, as malformações foram, em 2009, a
segunda causa de falecimento de crianças até um ano: 18,3% do total de
7.817 mortes naquele ano. Entre 20% e 25% dessas malformações são
atribuídas a causas genéticas, mas com
frequência as causas não são identificadas. No entanto, pesquisas têm
evidenciado que diversas anomalias congênitas em animais de laboratório e
em seres humanos são provocadas por exposição a alguns compostos químicos artificiais, como bisfenol A, ftalatos e alquilfenóis.
Componente tóxico
Por muitos anos, o bisfenol A (BPA) tem sido uma das substâncias
químicas de maior produção ao redor do mundo. É empregado na fabricação
de diversos plásticos, presentes em muitos itens, inclusive mamadeiras,
garrafas de água mineral, selantes dentários, latas de conserva, tubos
para água, CDs e DVDs, impermeabilizantes de papéis e tintas. Todos
esses materiais, ao sofrer a ação de processos físicos ou químicos,
liberam bisfenol A em alimentos, em bebidas e no ambiente.
Essa substância, de reconhecida atividade hormonal, foi detectada, por exemplo, na saliva de pacientes tratados com
selador dentário à base de resina derivada do BPA (uma hora após o
tratamento e em quantidades suficientes para estimular a proliferação de
células de câncer de mama), em mamadeiras de plástico (policarbonato) e
sob condições semelhantes às do uso normal, em líquidos de latas de
conservas de alimentos revestidas por resina contendo BPA (que também
estimularam a proliferação das células de câncer de mama), em amostras
de leite e na água mineral acondicionada em galões de policarbonato,
entre muitos outros itens.
Pesquisa baseada na análise de fluidos corporais, nos Estados Unidos,
encontrou o BPA em 95% das amostras e levou os pesquisadores a concluir
que “a frequente detecção da substância sugere que os habitantes estão
amplamente expostos a ela”. Os autores destacaram que as concentrações
de BPA em fluidos corporais humanos são pelo menos mil vezes superiores
às concentrações necessárias para a ocorrência dos efeitos em células
descritos em estudos científicos.
Esses resultados, segundo os autores do estudo, indicam que a
substância já deve estar provocando amplos efeitos biológicos em
humanos. Particularmente preocupantes são os elevados níveis de BPA
detectados em cordões umbilicais, no soro materno durante a gravidez e
no fluido amniótico uterino durante o período de maior sensibilidade do
feto aos efeitos danosos dos interferentes hormonais.
Saiba mais em: http://cienciahoje
O número nas embalagens plásticas
e os seus efeitos na Saúde
Todas as garrafas ou recipientes de plástico devem conter uma etiqueta de certificação de reciclagem.
Esta etiqueta contém um número indicando o tipo de composição do plástico usado, semelhante as mostradas na figura.
Existem mais de 100 tipos de plástico, porém vamos explicar os 7 mais utilizados:
• Os plásticos que marcam “1″ na etiqueta de reciclagem não devem ser reutilizados.
• Os plásticos, teoricamente mais seguros para a saúde, são rotulados com “2″, “4″ ou “5″.
• Os plásticos marcados com o número “3″ pode liberar BPA e ftalatos.
Os Ftalatos são produtos químicos utilizados como aditivos para
plásticos a fim de torná-los mais maleáveis e a presença em altos níveis
no organismo de adultos altera o nível de hormônios da tiroide na
corrente sanguínea.
• Os plásticos marcados com o número “6″ são fabricados com
poliestireno (PS) e recomenda-se precaução porque o estireno é um
produto químico potencialmente tóxico. Este produto tóxico pode ser
liberado quando o recipiente de plástico é usado para armazenar ou
aquecer o alimento ou líquido em temperaturas acima de 80° centígrados,
no forno de microondas, por exemplo. É a matéria-prima dos copos
descartáveis, embalagens, lacres de barris de chope e várias outras
peças de uso doméstico.
• Os plásticos marcados com o número “7″ emitem Bisfenol A (BPA)
contaminando o conteúdo do recipiente, por isso você deve evitá-lo
completamente. Esta substância é proibida em alguns países como Canadá,
Dinamarca e Costa Rica e também em alguns estados dos EUA. No Brasil o
Bisfenol A era utilizada na produção de garrafas plásticas, mamadeiras,
copos para bebês e produtos de plástico variados.
Foi proibido no Brasil
no final de 2011 e os fabricantes tem até o final de 2012 para a
retirada do produto das prateleiras e estoque.
O jornal científico “Environmental Health Perspectives” revela que
adultos com altos níveis de ftalatos e bisfenol A (BPA) na urina tendem a
apresentar alteração no nível de hormônios da tiroide na corrente
sanguínea.
A professor Sonia Hess, do Instituto de Química da Universidade
Federal de Santa Catarina, explica que quanto maior o tempo de contato
com o plástico, a temperatura e o teor de gordura do alimento, maior é a
taxa de transferência desses compostos para o interior dos alimentos.
Portanto, caro leitor não esquente alimentos em potes de plástico no micro-ondas nem beba café no copinho de plástico.
Fonte: http://www.odiario.com
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