sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Nem tudo é verde no réveillon ecológico do RJ


Show de fogos no réveillon de Copacabana em 2011
RIO - O réveillon ambientalmente correto que a prefeitura quer promover em Copacabana para celebrar a realização em 2012 da Conferência de Meio Ambiente Rio+20 ganhou a sua primeira polêmica. A fogueteira Vivian Pires, responsável pelo show pirotécnico, planejou a queima de fogos de modo a iniciá-la com uma cascata de fogos verdes. Mas os fogos esverdeados - menção ao evento marcado para junho - não poderiam ser mais ecologicamente incorretos. O material que confere o tom esverdeado é o nitrato de bário, considerado por especialistas como o mais poluente entre todos os produtos químicos para colorir fogos.

O nitrato de bário é um produto usado no mundo todo em shows pirotécnicos. Trata-se da única substância barata disponível no mercado internacional em larga escala para conferir o tom esverdeado. A substância já foi usado antes, inclusive no réveillon do Rio, sem problemas. Mas o que chama a atenção desta vez é que "o efeito verde" festejará um evento ambiental internacional.

Os químicos George Steinhauser (austríaco) e Thomas M. Klapötke (alemão), em edição recente da revista germânica especializada "Angewandte Chemie" ("Química Aplicada", em português), explicam o problema: "Fogos de artifício, apesar de serem instrumentos espetaculares de entretenimento, são poluentes. Muitas substâncias tóxicas chegam ao meio ambiente quando há detonação de fogos (....). De todas as substâncias, o nitrato de bário que produz o efeito químico esverdeado é a mais suja de todas as bombas".

O secretário municipal de Turismo, Antonio Pedro Figueira de Mello, disse que o formato do espetáculo pirotécnico será mantido. Segundo ele, tudo foi planejado minuciosamente desde setembro. Ele destacou que o mais importante é que, pela primeira vez na história da festa, haverá compensação ambiental pela emissão de gases do efeito estufa. Espécies nativas da Mata Atlântica serão plantadas na bacia do Rio Guandu, em Miguel Pereira, que abastece os mananciais da água potável da capital.
- Não sou um especialista em química, mas há anos o nitrato de bário é usado na Praia de Copacabana. A proposta é usar a festa para despertar a consciência da população para a questão ambiental - diz o secretário.

O analista ambiental Rogério Rocco, do Instituto Chico Mendes, criticou o show pirotécnico tendo a Rio+20 como uma das referências.

- O problema é que o Brasil e o mundo não tem propostas claras para preservação do meio ambiente. O réveillon dará mais uma demonstração disso - disse Rocco.

Para o assessor de meio ambiente da prefeitura do Rio, Sérgio Bessermann, o caso é mais uma demonstração de que o modelo de exploração do planeta tem que ser repensado.
- Simbolicamente, não é bom festejar a Rio+20 assim. Mas esse é mais um reflexo do nosso padrão atual de consumo, onde quase tudo provoca poluição. Para as delegações chegarem ao Rio haverá o consumo de milhares de galões de combustível de aviões. A nafta da aviação é uma das substâncias mais poluentes do mundo - diz Sérgio Bessermann.

O presidente da Sociedade de Amigos Copacabana (SAC), Horácio Magalhães, criticou a associação da Rio+20 com o os fogos do réveillon.

- É um contra-senso. O emprego e fogos mais ou menos poluidores deveria ser um dos critérios de avaliação para a homenagem - disse.

A Pirotecnia Igual, empresa responsável pelos fogos, divulgou nota oficial na qual informa tomar todas as providências para minimizar os efeitos ao meio ambiente da queima de fogos. "As substâncias que serão usadas para produzir as diferentes cores são encontradas na natureza e usadas em outras aplicações comuns, como tintas e plásticos, e não apresentam nenhum perigo nas concentrações usadas. Os fogos que serão usados são homologados nos países com legislações ambientais das mais rígidas do mundo, como países da Comunidade Europeia e os EUA", diz trecho da nota.

Sobre a concentração de bário, o engenheiro químico professor da PUC-Rio Wilson Bucker Aguiar Junior, consultor da Pirotecnia Igual, informa na nota que a queima será equivalente "ao deságue de uma hora de um rio pequeno no mar". Com isso, o impacto no oceano seria nulo, avalia.

http://br.noticias.yahoo.com 

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Cosméticos acumulam quase 2,5 kg de química no organismo por ano

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O contato dos produtos com a pele pode ser mais nocivo que a própria ingestão das substâncias.O contato dos produtos com a pele pode ser mais nocivo que a própria ingestão das substâncias. 
 
 
 
 
 
 
Atenção, amantes dos cosméticos, o organismo de pessoas que costumam maquiar-se e usar produtos de beleza diariamente pode absorver cerca de 2,3 kg de produtos químicos a cada ano. É o que diz a reportagem do site Organic Consumers.

Parece bastante imaginar meio saco de arroz de circulando nas veias de químicas muitas vezes nocivas à saúde, né?  Alguns dos compostos presentes nos artigos têm sido associados a efeitos colaterais que vão desde a irritação da pele ao câncer. Uma das classes de produtos químicos presentes na maquiagem, como os parabenos,  foram encontrados em grandes quantidades em amostras de tumores de mama.

O contato dos produtos com a pele pode ser mais nocivo que a própria ingestão das substâncias, porque quando você come algo que os enzimas na sua saliva e no estômago ajudam a quebrá-los e eliminá-los do seu corpo. Quando esses produtos entram em contato com a sua pele, no entanto, a absorção ocorre diretamente pela corrente sanguínea, sem qualquer tipo de filtragem, sem qualquer proteção contra as toxinas.
Esmaltes também podem ser prejudiciais à saúde e conter substâncias cancerígenas.Esmaltes também podem ser prejudiciais à saúde e conter substâncias cancerígenas. 
Os esmaltes também devem ser motivo de atenção por parte das consumidoras. A associação de consumidores PROTESTE realizou testes que constataram que alguns dos produtos mais vendidos do país contêm ingredientes que podem provocar não apenas alergias, mas também câncer. As análises encontraram altas concentrações dessas substâncias nos produtos testados. As substâncias analisadas foram foramdibutyl phtalate (banido em cosméticos, inclusive esmaltes, em toda a Europa), nitrotoluene, toluene e furfural (compostos comprovadamente cancerígenos), com seus nomes apresentados da mesma forma que no rótulo dos esmaltes. O Dr. Paulo Henrique Lucas, especialista em saúde das unhas, explica que estes componentes também podem prejudicar a saúde das unhas e da pele, causando ressecamento e enfraquecimento.

Não se engane pensando que apenas as afeitas à maquiagem pesada estão sujeitas aos 2,5 kg de química nociva no corpo. A absorção também pode acontecer por outros produtos de higiene e beleza. Apenas mais um motivo para começar a olhar para produtos naturais, como maquiagem, loções, cremes, sabonetes e shampoos produzidos que primam pela qualidade de vida de quem os consome.

* Com informações do Organic Consumers

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Rolou uma química

Proclamado Ano Internacional da Química, 2011 termina com resultados positivos para essa ciência que tenta deixar para trás a imagem de vilã.



  Crianças se divertem em exposição sobre a química no cotidiano realizada no Museu da Vida, no Rio de Janeiro, como parte das comemorações do Ano Internacional da Química. (foto: divulgação/ AIQ)


A área da ciência que esteve em maior evidência no mundo em 2011 foi a química. Não por causa de uma descoberta revolucionária ou de um avanço pontual, mas pelas inúmeras atividades ligadas à divulgação da ciência que estuda a estrutura e transformação das substâncias. Como o leitor deve saber, 2011 foi proclamado pela Organização das Nações Unidas o Ano Internacional da Química (AIQ).

Durante o ano, dois novos elementos foram incorporados à tabela periódica, e a Academia Real de Ciências da Suécia chamou a atenção ao conceder o Nobel de Química ao israelense Daniel Shechtman pela descoberta dos quasicristais, feita há quase 30 anos.
 
Quanto à pesquisa na área, o foco esteve principalmente na nano e biotecnologia. Observou-se ainda forte aproximação da química com a sustentabilidade por meio do estudo de processos naturais.

O AIQ começou oficialmente em 27 de janeiro com uma cerimônia na sede da Unesco, em Paris. No Brasil, a comemoração foi considerada um sucesso pela coordenadora geral das atividades no país, Claudia Rezende, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Até a primeira quinzena de dezembro, o portal criado para reunir informações do AIQ no Brasil registrou quase 200 mil visitas e perto de 500 mil visualizações de páginas, provenientes de todo o Brasil e de outros 92 países.

Entre as principais ações realizadas no país, Rezende destaca o projeto ‘pH do planeta’, a exposição ‘A química no cotidiano’ e o lançamento do livro A química perto de você.

Na primeira ação, alunos de ensino fundamental e médio receberam kits para medição de pH, salinidade e pureza de amostras d’água das cidades em que moram. Os resultados foram reunidos em um portal na internet e revelam um panorama da qualidade da água em todo o Brasil. “Foi o maior experimento científico já realizado em escolas brasileiras”, afirma Rezende. Mais de 35 mil kits foram distribuídos.
pH do planeta
Índios desanas assistem à medição do pH da água de fonte local em aldeia de Manaus. (foto: divulgação/ AIQ)
A exposição ‘A química no cotidiano’ foi uma iniciativa da Sociedade Brasileira de Química (SBQ) e do Museu da Vida, da Fundação Oswaldo Cruz. Trata-se de um conjunto de 20 painéis que contam a história e falam da importância da química. O material pode ser baixado em formato PDF para ser replicado por qualquer escola.

Já o livro A química perto de você, também disponível para download em formato digital e voltado para escolas, reúne experimentos de baixo custo testados em laboratórios da Universidade Federal de Santa Maria (RS). Foi o arquivo mais baixado de todo o portal do AIQ no Brasil.

As três atividades citadas por Rezende ajudaram a aproximar a SBQ das escolas de educação básica. “Pela primeira vez tivemos contato direto com grande número de professores de ensino fundamental e médio”, diz a coordenadora do evento.

O impacto disso deve se refletir a médio e longo prazo, com maior procura dos estudantes por carreiras ligadas à pesquisa. “Um de nossos objetivos foi retirar da química o rótulo de vilã.”

Prêmios Nobel no Brasil

Vários pesquisadores laureados com o Nobel na área, como o britânico Harold Kroto (premiado em 1996), o estadunidense Martin Chalfie (2008) e o japonês Akira Suzuki (2010), estiveram no Brasil para ajudar a divulgar a ciência. Chalfie, que abriu a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, em outubro, medindo o pH da água do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, ficou tão encantado com o que viu que disse que pretende voltar ao país em breve.
pH do planeta no Rio
Prêmio Nobel de Química de 2008, Martin Chalfie (em pé, à esquerda) faz medição do pH de amostras d’água no Complexo do Alemão, no Rio, na abertura da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, em outubro. À direita, o secretário executivo do ministério da C,T&I, Luiz Antônio Rodrigues Elias. (foto: divulgação/ AIQ)
Em um único evento, a Escola São Paulo de Ciência Avançada em Produtos Naturais, Química Medicinal e Síntese Orgânica, realizada na Universidade Estadual de Campinas em agosto, quatro detentores de Nobel de Química estiveram presentes: o suíço Kurt Wütrich (2002), o estadunidense Richard Schrock (2005), a israelense Ada Yonath (2009) e o japonês Ei-Ichi Negishi (2010).

Neste ano, a química invadiu até a mais tradicional festa popular brasileira. Em Recife e Olinda (PE), os carnavalescos viram desfilar bonecos gigantes das cientistas Marie Curie (1867-1934) e Johanna Döbereiner (1924-2000). Maceió assistiu ao desfile do bloco ‘AIQ bom’.

A revista Ciência Hoje e a CH On-line também participaram das comemorações com a publicação ao longo do ano de uma série de artigos e reportagens sobre química.

Química e mulheres

O AIQ foi instituído para comemorar os cem anos do Nobel de Química da polonesa Marie Curie, primeira mulher a receber o prêmio e até hoje a única a ganhar dois Nobel. Em 1903 ela foi agraciada com o de Física.
Curie foi laureada por descobrir os elementos rádio e polônio, por isolar o rádio e por estudar a natureza e os compostos desse elemento. Um século depois, a participação feminina na ciência ainda é restrita, mas elas já ocupam vários postos de liderança.
Além do centenário do prêmio Nobel de Química de Marie Curie, o ano de 2011 marcou a comemoração de outros episódios importantes na história da química, como os 100 anos da criação do modelo atômico de Ernest Rutherford (1871-1937).

Tendência

Em 2011 não houve nenhum feito revolucionário na química. Mesmo assim, o presidente da SBQ, César Zucco, considera que a ciência vive um momento importante em sua história por causa do caminho que tem tomado em direção à sustentabilidade ambiental. “Vivemos uma fase de transição”, afirma.

Ele explica que a tendência dos químicos de todo o mundo é buscar, cada vez mais, processos e produtos naturais em vez de investir apenas na síntese de substâncias. “Essa é uma das grandes lições que tiramos do AIQ.”
 
Nesse sentido, Zucco classifica as pesquisas nas áreas de nano e biotecnologia como as mais promissoras. “A utilização de fibras naturais misturadas com polímeros pode substituir o uso de metais, que são finitos, na construção de produtos”, exemplifica.

Otto Gottlieb

O ano também foi de luto para a química brasileira. No dia 20 de junho morreu, aos 90 anos, Otto Richard Gottlieb, pesquisador de origem tcheca que se naturalizou brasileiro. O cientista ficou conhecido mundialmente pelo estudo do metabolismo de plantas e produtos naturais, trabalho que rendeu a ele três indicações ao Nobel.

O químico polonês Roald Hoffmann, laureado com o prêmio em 1981, resumiu o legado de Gottlieb à CH On-line: “Otto foi um grande cientista, responsável pela formação da química de produtos naturais no Brasil”. Área que César Zucco, presidente da SBQ, considera a mais importante nos dias de hoje.

Célio YanoCiência Hoje On-line/ PR

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Robôs piscantes lançarão novas luzes sobre os ocean

Redação do Site Inovação Tecnológica



Robôs

Já existem robôs submarinos em todos os oceanos da Terra, mas eles ainda estão muito longe do necessário para a exploração desta que representa a última fronteira do nosso planeta.

Os robôs submarinos não existem em maior número basicamente porque eles são caros. E não basta lançá-los ao mar: é necessário monitorá-los constantemente, o que exige uma enorme logística, incluindo navios e redes de comunicação via satélite.

O Dr. Deisdre Meldrum e seus colegas da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, acreditam ter encontrado a solução para essa deficiência.

Eles estão criando pequenos robôs submarinos esféricos, batizados de "SensorBots", por serem dotados de vários sensores, capazes de registrar dados biológicos, geológicos, físicos e químicos.

Dos minerais à vida

Fruto de mais de 10 anos de trabalho, a nova plataforma robótica é resultado do trabalho de engenheiros eletricistas, mecânicos, químicos e biológicos, além de pesquisadores das áreas de física, química, ciência da computação e ciência dos materiais.

Os pesquisadores pretendem usar os robôs submarinos esféricos para estudar da concentração de minerais e da composição de gases, até a dinâmica da vida marinha, o que incluirá a análise dos chamados extremófilos, organismos que vivem em ambientes normalmente considerados inadequados para a vida.

Isto exigirá uma infra-estrutura mais complexa, mas os SensorBots representam o primeiro passo, levando consigo os sensores que farão as diversas medições.

Robôs esféricos piscantes vão iluminar o conhecimento dos oceanos
Um "enxame" de SensorBots é lançado ao mar para testes de funcionamento e operação conjunta. [Imagem: Biodesign Institute/Arizona State University]

Comunicação por luz

Para simplificar seu projeto, os robôs esféricos individuais não possuem esquemas de transmissão por rádio e nem de comunicação via satélite.

Os sinais lidos pelos sensores são transformados em brilhantes flashes de luz azul, criando uma espécie de código Morse. Além de transmitir os dados, esses flashes permitem que os robôs operam de forma cooperativa, criando uma rede de sensores.

Uma câmera de alta velocidade captura os sinais dos SensorBots lançados em uma determinada área. Esses sinais podem então ser decodificados para a interpretação das leituras. Apenas a central onde a câmera está instalada possui a capacidade de comunicação, para transferência dos dados de todo o enxame sob sua coordenação.

Enxames de robôs

O objetivo é que os robôs esféricos funcionem como grupos autônomos ou semi-autônomos - movendo-se por controle remoto, por exemplo - em uma formação 3D capaz de cobrir grandes volumes do oceano.
Esses enxames de sensores poderão operar em ambientes inóspitos e complexos.

Com sistemas adequados de microanálise, os robôs submarinos poderão realizar análises genômicas de comunidades microbianas, bem como observar uma ampla variedade de eventos em macroescala - produzindo dados espacial e temporalmente indexados.

Em vez de enviar um robô muito caro para um único ponto no oceano, e depois movê-lo em série, frequentemente perdendo a dinâmica dos fenômenos, uma série de SensorBots baratos poderá cobrir uma área muito maior.

Isto permitirá investigações em tempo real de eventos tão distintos quanto terremotos e maremotos ou o florescimento de espécies animais e vegetais, além de outros fenômenos episódicos.