(foto: internet)
Cientistas americanos desenvolveram um novo método que
permite distinguir os gases-estufa vindos da queima de combustíveis
fósseis de outros gases presentes na atmosfera, uma técnica que promete
ajudar a monitorar a eficiência das medidas de corte das emissões.
A equipe da Universidade de Colorado analisou seis anos de medições
de dióxido de carbono (CO2) e outros gases feitas por aeronaves a cada
duas semanas. Eles puderam separar o CO2 derivado dos combustíveis do
vindo de processos biológicos, como a respiração de plantas, porque o
carvão, óleo e gás não têm carbono-14, um isótopo do elemento que está
em constante produção na atmosfera.
Como o carbono-14 é radiativo, com o tempo ele decai, isto é, se
transforma na forma comum do elemento. Sua meia-vida, ou o tempo que
metade de um determinado volume da substância decai, é de 5,7 mil anos.
Como os combustíveis fósseis são derivados de restos de plantas e outros
materiais orgânicos acumulados há milhões de anos, o CO2 produzido por
sua queima não tem carbono-14, em contraste com o emitido por fontes
biológicas atuais, que são ricas no elemento.
O novo método criado por Scott Lehman e John Miller, pesquisadores da
Universidade de Colorado, e publicado na edição desta semana do "ournal
of Geophysical Research-Atmospheres", da União Americana de Geofísica (AGU), oferece ainda a
possibilidade de no futuro relacionar diretamente as emissões da queima
de combustíveis fósseis a um país ou região, melhorando a técnica atual
de estimar as taxas de emissão de gases-estufa com base em princípios
contábeis. Estas estimativas geralmente têm como base declarações dos
próprios países sobre seu consumo de carvão, óleo, gás natural e outros
combustíveis fósseis.
- Embora o método contábil provavelmente seja acurado em uma escala
global, incertezas surgem em uma escala menor - diz Miller. - E como as
metas de emissões estão ficando cada vez mais comuns, pode haver a
tentação de declarar um consumo de combustíveis menor, mas poderemos ver
essa mentira.
As emissões vindas da queima de combustíveis fósseis elevaram a
concentração de CO2 na atmosfera de cerca de 280 partes por milhão no
início do século XIX para aproximadamente 390 partes por milhão
atualmente, destacou Miller. A grande maioria dos cientistas climáticos
acredita que este aumento está causando o aquecimento do planeta.
- Acreditamos que a abordagem fornecida por este estudo pode aumentar
a acuidade da detecção das emissões e verificar a contribuição da
combustão dos combustíveis fósseis e outros gases pelo homem - considera
Lehman.
A técnica de Lehman e Miller é semelhante a uma desenvolvida por
Brian Giebel, da Universidade de Miami, para identificar a "assinatura"
química do álcool e outros poluentes emitidos pela queima de
biocombustíveis na atmosfera e publicado em agosto passado no periódico
científico "Environmental Science & Technology".
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